As críticas fazem parte do nosso dia a dia. Elas podem ser construtivas e nos ajudar a crescer. Mas, quando são destrutivas, podem nos por para baixo e até desanimar. Então, como podemos lidar com elas? O Minas Mulher conversou com a Débora Barbosa de Deus, psicóloga, mestre em psicologia e especialista em Análise do Comportamento e professora do curso de Psicologia da PUCPR câmpus Maringá, sobre o tema.
Ela explica que nossa cultura traduz representações sociais das características que parecem mais adequadas para as nossas relações. Isso é entendido a partir de um modelo de sucesso, beleza e bem-estar. “Com isso, critérios próprios de avaliação se constituem e passam a ser possibilidade para críticas”.
Débora acrescenta que, atualmente, a opinião alheia tem sido bastante valorizada. “Com isso, há uma tendência em compartilhar tais opiniões, sobretudo nas redes sociais, o que expõe o individuo a críticas e, ao mesmo tempo, estimula a crítica ao outro”.
Críticas destrutivas e construtivas: como filtrar?
A psicóloga explica que não existe uma fórmula que consigamos aplicar e filtrar em relação ao que deve ou não ser considerado. “A história de vida de cada pessoa e as particularidades de cada serão o guia para receber essa crítica com maior ou menor facilidade. Felizmente nossas possibilidades de aprendizagem são muitas”.
Ela adiciona que é válido analisar cada situação e refletir: o que é a crítica? Que está criticando? Qual impacto real dessa crítica? “Com essas respostas, parte-se para avaliação da qualidade desta crítica. De modo geral, as construtivas dizem mais sobre o fazer da pessoa e menos sobre a pessoa. Além disso, uma crítica construtiva se constitui em argumentos assertivos, o que certamente reflete aspectos positivos e neste sentido pode, inclusive, sugerir alternativas para aquele criticado”.
Como aceitar as críticas?
Segundo a especialista, ao refletir sobre uma crítica, a partir da análise e avaliação citadas anteriormente, acontece a compreensão do cenário, o que se aproxima da aceitação. “Aceitar, seria considerar as possibilidades da crítica e, com isso, tentar descrever o que pode ser bom e aproveitável”.
Ela adiciona que em algumas situações, as críticas falam mais sobre quem a faz do que sobre quem a recebe. “Isso também pode ser utilizado como critério para considerar a possibilidade de absorver o que pode ser relevante”.
Cibelle acrescenta que é comum desanimar diante de críticas negativas. “Reconhecer equívocos e perceber uma necessidade de mudança pode ser custo. Esses enfrentamentos vêm acompanhados de emoções que não são agradáveis. Assim, tomar um tempo para elaborar essas sensações e compreender os apontamentos feitos é crucial”.
A psicóloga elucida que é importante lembrar que todos têm potencialidades e que podem ser ponto de partida de mudanças, se elas forem necessárias. “Finalmente, pedir ajuda profissional quando a dificuldade for maior, poderá facilitar esse processo”.
Absorvendo o bom da crítica
Na visão de Cibele, na maioria das vezes falta uma comunicação assertiva e uma escuta atenta. “Na nossa cultura, somos raramente convocados a ouvir, duvidar ou colocar em perspectiva, pelo contrário. Nossa sociedade convida a falar, apenas. E isso implica em uma diversidade de efeitos colaterais, justamente por essa dificuldade de comunicação”.
Em conclusão ela adiciona que as discussões podem caminhar também na direção de a pessoa compreender melhor alguns cenários. “O que causa desconforto, conflito, bem como realizar procedimentos de ordem mais particular que promovam o autoconhecimento”.