Hálux Valgus. O nome parece um feitiço da saga de Harry Potter, mas está muito distante disso. Popularmente conhecido como joanete, o Hálux Valgus diz respeito a uma deformidade da articulação metatarso-falageana do dedão. O problema atinge cerca de 23% da população, e é mais comum nas mulheres. Para entender mais sobre o quadro, conversei com os irmãos e médicos ortopedistas Daniel e Tiago Baumfeld.
Segundo Daniel, as causas do joanete podem ser dividas em intrínsecas, quando são próprias do paciente, e extrínsecas. “A primeira é relacionada à genética e hereditariedade, ou seja, indivíduos que tem pais e avós com o problema, tem mais chance de desenvolver o joanete. Entre as causas externas, os calçados mais estreitos, principalmente os de salto alto e bico fino, são os maiores vilões. Eles fazem com que o dedo se posicione de uma forma não funcional, ocasionando lesão crônica das estruturas ao redor da articulação”.
Com o Hálux Valgus o dedão fica com uma protusão, ou um “caroço”, na região interna do pé, que, em última análise, faz com que o pé fique mais largo, causando dor e desconforto no atrito com os calçados. “Esse atrito entre joanete e o sapato causa uma inflamação em várias estruturas ao redor da articulação. Por exemplo a cápsula, bursa e tendões, que, dia após dia, vai se acumulando como um conta-gotas pingando sobre um copo”.
Como tratar o joanete?
A deformidade pode piorar e a dor ao usar saltos altos fica quase insuportável. “Nestes casos, é recomendável adaptar os calçados, fazer uso de medicação anti-inflamatória – sempre com prescrição médica – e aderir aos protetores locais de silicone ou adesivos. “Esqueça aqueles espaçadores vendidos comumente na internet. Além de não ajudar, os mesmos podem até agravar os sintomas”, alerta Tiago.
Ele ainda explica que essas soluções podem aliviar o desconforto por um determinado tempo, mas a cirurgia pode ser o tratamento mais indicado para quem sofre com o problema. “A cirurgia evoluiu muito ao longo dos últimos anos e hoje é executada com técnicas menos invasivas que propiciam muito mais conforto e uma recuperação muito mais rápida”.
O especialista finaliza dizendo que existe uma dúvida muito grande sobre o joanete voltar após a operação. “As cirurgias mais modernas hoje envolvem cortes ósseos para mudar os ângulos do metatarso e abordar o problema em sua ‘raiz’. Alguns parâmetros intraoperatórios são muito importantes de serem atingidos para que os índices de recidiva sejam menores como: corrigir a pronação, restaurar a posição dos ossos sesamóides, corrigir o formato da cabeça do metatarso, entre outros”, esclarece.
