Fome emocional: entenda os sinais desse quadro

fome emocional

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que 5% da população brasileira sofre com transtornos alimentares. Nesses casos, a comida se torna uma válvula de escape para fugir da realidade e aliviar dores momentâneas. Quando a vontade de comer é por ordem psicológica e não fisiológica, surge a fome emocional.

Segundo a psicóloga pela USP e fundadora da Clínica Ame.C, Monica Machado, quando estamos ansiosos e devoramos um alimento, sentimos um prazer instantâneo. “Ou seja, a recompensa e a sensação imediata de bem-estar ajudam a reduzir a ansiedade”.

Ela adiciona que pessoas ansiosas preferem alimentos ricos em açúcar e carboidrato, pois eles trazem uma sensação ainda mais rápida de prazer. “Ou seja, toda vez que a pessoa estiver ansiosa, automaticamente haverá uma associação aos doces, como uma espécie de alívio e fuga do estado emocional. Além disso, o doce é muito palatável, fazendo com que a pessoa fique condicionada a ele nos momentos de tensão”, ressalta a psicóloga.

Como diferenciar a fome emocional da fisiológica 

A especialista explica que a fome emocional tende a aparecer de repente e com uma intensidade tão alta que, na maioria dos casos, é muito difícil resistir e diferenciá-la da fome física. Para diferenciá-las, ela reforça alguns sinais: 

  • Aparece inesperadamente
  • Comemos automaticamente, sem estar ciente do tempo ou das quantidades
  • Geralmente, queremos um tipo específico de comida ou refeição, quase sempre alimentos gordurosos ou com açúcar
  • Não nos sentimos saciados
  • Depois de comer, sentimos culpa, arrependimento ou vergonha

Mônica destaca que uma vez percebida que a sensação de fome não é física, mas emocional, e que a ansiedade é o que está lhe favorecendo é hora de procurar ajuda. “É preciso entender o significado do que sentimos, perceber o que suscita e como lidar com a emoção. Afinal, somos todos comedores emocionais, pois não temos como dissociar nosso emocional do biológico”.

Consequências da fome emocional

A psicóloga Sabrina Amaral explica as consequências da fome emocional. “Pode gerar um impacto físico, ou seja, levar à obesidade, diabetes e a um efeito ‘sanfona’ de emagrecimento. Contudo, o maior impacto está no emocional, especialmente pelo que vem depois. A pessoa estabelece uma relação dúbia e conflituosa com o ato de se alimentar. Ao mesmo tempo que quer comer para sentir prazer, sente uma angústia pela falta de controle”.

O impacto disso para a rotina de uma pessoa é imenso. “A pessoa perde o controle e se sente impotente em relação à comida. Tudo isso abala a autoestima e emocional do indivíduo, facilitando o desenvolvimento de questões mais severas como ansiedade e depressão, por exemplo”.

Como lidar com a fome emocional?

Sabrina explica que o primeiro passo para lidar com a fome emocional é através do autoconhecimento. “Ele é adquirido através da terapia, leituras, palestras, imersões dentre outros. Tudo o que faça a pessoa olhar para dentro e refletir sobre ela mesma irá ajudá-la a identificar seus mecanismos de funcionamento e qual sentimento está presente naquele momento”.

Ela acrescenta que quando a pessoa é capaz de compreender o que está sentindo, poderá prover outros tipos de prazer que sejam mais eficazes. “Neste sentido é possível buscar outras atividades, como passear com seu cachorro, ligar para uma amiga, caminhar na natureza, brincar com seu filho, fazer um trabalho manual, andar de bicicleta. As possibilidades são muitas”.

Portanto, quando a pessoa é capaz de identificar e executar outras formas de oferecer alívio ao cérebro, passa a conseguir aplacar esta questão da fome emocional. “Minha dica é simples, se você não consegue emagrecer, o básico é que funciona: entender o porquê desta fome emocional, entender o que é que está faltando para você e que está tentando preencher com a comida”.

Segundo a especialista, o ideal é ter uma rede de apoio multidisciplinar: um psicólogo para trabalhar o autoconhecimento, um nutricionista comportamental para equilibrar seus hábitos e cardápio, e até mesmo, alguém que possa te passar uma atividade física. “Assim, no momento em que os gatilhos são ativados você pode ter alternativas para uma válvula de escape mais funcional”, conclui.

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