Quando o assunto é agradar os outros, há quem acredite que o hábito seja positivo. Afinal, ele pode ajudar até mesmo a evitar conflitos. Porém, em um outro lado da moeda, muitas pessoas acham que, ao agradar os outros, a pessoa pode estar desagradando a si mesma. Então, quais devem ser os limites devem ser colocados nessa questão?
Para a psicóloga clínica e comportamental Osmarina Vyel, o primeiro passo é compreender o que é agradar os outros. “Por trás disso está a necessidade que todo ser humano tem em sentir-se aceito, amado e reconhecido. Então não é positivo, nem negativo. É uma necessidade humana, assim como temos necessidade de proteção, segurança, etc. Afinal querer agradar e ser reconhecido não é algo ruim”.

A mentora de alta performance e terapeuta, Marinelia Leal, acrescenta que quando não se tem essa consciência do que está por traz disso, a pessoa vai criando uma dependência. “E isso cria dois sentimentos. O primeiro é o medo de perder e o segundo é a raiva, porque o indivíduo se vê preso na tirania do inconsciente do outro. Ao mesmo tempo que ele quer que o outro goste dele, ele tem medo e isso gera uma raiva por precisar tanto disso”.
Ela traça um perfil da pessoa que se torna dependente. “Ela é, muitas vezes, dada como carente. O indivíduo costuma ainda se revoltar contra os que o estão ajudando. Isso porque, a cada vez que ela recebe esse auxílio, acredita que as pessoas estão ali por ela. E isso cria um sentimento de impotência”, explica a mentora.
Agradar os outros é esquecer de mim?
Osmarina explica que se trocarmos a palavra agradar por aceitar, é possível compreender melhor. “Quando nos aceitamos como somos, a outra pessoa passa a ver isso em nós. É nossa verdadeira essência, não a imagem de algo que ela pressupõe. Se ela gosta disso, se sentirá feliz por ver que estamos confortáveis em nosso próprio ser”.
Por isso, o maior perigo em querer agradar os outros a todo custo, é perdermos nossa própria identidade. “Quando a pessoa se conhece de verdade, todos os seus relacionamentos entram em harmonia. Isso porque vemos nossas sombras, lidamos com elas e jogamos luz sobre tudo isso. Aceitamos os outros como eles são também. Só assim podemos nos libertar dessa tirania de querer agradar os outros a qualquer custo”.
Marinelia complementa dizendo que é importante nos alimentarmos de independência. “Este é o caminho a se fazer junto do outro. Ele não depende de mim, eu não dependo dele. Não fico triste quando ele não me agrada e nem hiperfeliz quando me agrada. Simplesmente me dou o que eu preciso e o outro me dá o que ele precisa. E assim, juntos, podemos fazer uma jornada de duas pessoas plenas, que sabem agradar a si mesmas com satisfação, plenitude e autoestima”, conclui.