O período de festas de fim de ano é, para muitos, associado a celebrações e renovação. No entanto, para algumas pessoas, essa época pode despertar sentimentos de frustração, melancolia e ansiedade. Popularmente chamada de “síndrome do fim de ano”, essa condição não é um diagnóstico clínico, mas refere-se a um conjunto de emoções difíceis que emergem nesse período.
Por que a síndrome do fim de ano acontece?
Segundo a psicanalista Rachel Poubel, a “síndrome do fim de ano” está frequentemente ligada a reflexões sobre expectativas não alcançadas e à comparação social. “As festas de fim de ano têm um apelo comercial e idealizado. As pessoas olham para as redes sociais e se comparam, o que intensifica a tristeza e a solidão. É essencial aceitar a realidade como ela é e estar bem consigo mesmo, mesmo que a ceia de Natal ou o réveillon não sigam um padrão idealizado”, explica.
Esse período também é marcado pelo fechamento de um ciclo, o que pode trazer à tona sentimentos de fracasso. Metas não cumpridas e procrastinação ao longo do ano são fatores que contribuem para o aumento da angústia.
“É comum as pessoas colocarem objetivos ambiciosos apenas no início do ano e desistirem no meio do caminho. As metas precisam ser diárias e realistas, pois grandes expectativas podem levar à frustração”, acrescenta a psicanalista.
Problemas familiares, luto por entes queridos ou rompimentos de relacionamentos também intensificam o impacto emocional dessa época. “O idealizado ‘final de ano feliz em família’ muitas vezes contrasta com a realidade, o que gera angústia e tristeza em muitas pessoas”, pontua Poubel.
Como lidar com a síndrome do fim de ano?
Embora esses sentimentos sejam comuns, eles podem ser gerenciados com práticas de autocuidado emocional e ajustes na forma de encarar o final de ano. Confira algumas dicas:
- Reduza as comparações: Lembre-se de que redes sociais são recortes idealizados e não refletem a vida real.
- Reavalie suas metas: Valorize pequenas conquistas e ajuste expectativas de forma mais realista para o próximo ciclo.
- Aceite o incompleto: Nem tudo precisa ser finalizado antes de janeiro. Permita-se continuar projetos com calma no futuro.
- Crie novos hábitos: Evite procrastinar e comece a implementar mudanças desde já, em vez de esperar pelo “momento certo”.
- Procure ajuda: Se os sentimentos forem intensos, converse com amigos ou busque apoio psicológico.
Reflexões sobre o autocuidado emocional
A psicanalista destaca que o autocuidado é essencial para lidar com os desafios emocionais do final de ano. “Tenha compaixão consigo mesmo e entenda que nem todas as metas precisam ser realizadas no prazo. Reconheça seus limites e celebre suas conquistas, por menores que pareçam”, finaliza Poubel.
A síndrome do fim de ano pode ser um momento de aprendizado e ajuste, permitindo que cada pessoa construa uma relação mais saudável com suas emoções e expectativas para o futuro.